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Aos 30 anos, provavelmente tudo o que você aprendeu sobre planejamento reprodutivo foi sobre o que fazer para não engravidar. Na escola, no núcleo familiar ou no grupo de amigas, a principal mensagem sempre foi: “evite a gravidez para não atrapalhar o futuro”.

Mas e quando o futuro chega? É nesse momento que você percebe que essa visão restritiva e ultrapassada poderia ter sido diferente.

Decidir postergar a maternidade é legítimo, mas é importante estar ciente das implicações dessa escolha. Você sabia que:

  • Você nasceu com um relógio biológico em contagem regressiva?
  • A sua reserva ovariana diminui em quantidade e qualidade ao longo dos anos?
  • Suas chances de engravidar caem significativamente após os 35 anos?
  • Algumas mulheres precisarão de ajuda médica para engravidar no futuro?
  • Nem todas as técnicas de reprodução assistida conseguem reverter quadros de infertilidade?

Essas informações são essenciais e deveriam estar acessíveis desde cedo, ainda nas primeiras décadas de vida. Afinal, cada mulher tem o direito de tomar decisões embasadas em conhecimento e de escolher o caminho que mais condiz com seus sonhos e objetivos.

Planejamento reprodutivo é mais do que uma escolha – é um direito!

A Lei nº 9.263/1996 assegura às mulheres o acesso às ferramentas necessárias para planejar e decidir sobre sua fertilidade. Seja qual for a sua fase da vida, o planejamento reprodutivo permite que você tome as rédeas da sua jornada, com confiança e clareza.

Aqui, vamos descomplicar esse conceito e trazer soluções práticas para você.

O planejamento reprodutivo envolve ações clínicas, educativas e preventivas que permitem prever, controlar e, principalmente, planejar o nascimento de filhos, de acordo com suas escolhas e circunstâncias. Essas ações incluem desde adolescentes e jovens que estão começando a vida sexual até mulheres que já têm uma família e desejam expandi-la.

É inquestionável que o que conquistamos até agora em termos de planejamento reprodutivo foi essencial para que a mulher pudesse mudar o seu papel na sociedade, conquistar mercado de trabalho, e atingir sua liberdade e independência. Estou me referindo principalmente às ações relacionadas à educação sexual, aos métodos contraceptivos e às medidas de prevenção para as infecções sexualmente transmissíveis.

Novamente, aprendemos sobre o que fazer para NÃO engravidar, mas o planejamento reprodutivo vai além!

O planejamento reprodutivo é, essencialmente, decidir SE, QUANDO e COMO você deseja engravidar, além de escolher QUANTOS filhos deseja ter.

Seja qual for a sua fase de vida ou o seu contexto, o planejamento reprodutivo oferece as ferramentas para garantir o controle sobre sua jornada reprodutiva. E isso inclui você: mulher solteira, casada, em um relacionamento homoafetivo ou planejando uma produção independente.

O desejo ou o direito à maternidade deve ser acessível a todas as mulheres, considerando as diversas técnicas disponíveis, como congelamento de óvulos, inseminação artificial ou fertilização in vitro. Vamos trabalhar juntas para que você tenha clareza, confiança e segurança ao tomar suas decisões.

Linha do Tempo: A Evolução do Planejamento Reprodutivo

1960 – Lançamento da pílula anticoncepcional

Aprovada nos EUA, a pílula revoluciona o controle da fertilidade feminina.

1965 – Legalização da contracepção nos EUA (para casais casados)

O caso Griswold v. Connecticut garante o direito de casais casados acessarem métodos contraceptivos.

1972 – Legalização da contracepção para todos nos EUA

O caso Eisenstadt v. Baird amplia o direito ao acesso para solteiros.

1978 – Nascimento de Louise Brown, o primeiro bebê de FIV no mundo

Marco na reprodução assistida, provando que a fertilização in vitro (FIV) é possível.

1980 – Introdução do DIU de cobre

Um método contraceptivo não hormonal de longa duração ganha popularidade.

1984 – Primeiro bebê de FIV no Brasil

O Brasil entra na era da reprodução assistida com o nascimento de Anna Paula Caldeira.

1990 – Nascimento do primeiro bebê de ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides)

Técnica que revolucionou o tratamento da infertilidade masculina.

1996 – Lei do Planejamento Familiar no Brasil (Lei nº 9.263/96)

Regulamenta o acesso a métodos contraceptivos e direitos reprodutivos.

2000 – Popularização da vitrificação de óvulos

A técnica permite congelamento de óvulos com maior taxa de sucesso.

2010 – Primeiro bebê do Método ROPA no Brasil

Casais homoafetivos femininos ganham mais uma opção para gestação compartilhada.

2012 – Reconhecimento do direito à reprodução assistida para casais homoafetivos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM)

Garante acesso igualitário aos tratamentos reprodutivos no Brasil.

2014 – Primeira gravidez bem-sucedida com transplante de útero

Um avanço para mulheres com infertilidade uterina.

2020 – Avanços na edição genética para prevenção de doenças hereditárias

Novas técnicas ampliam possibilidades de diagnóstico genético pré-implantacional.

Atualmente – Expansão do acesso à reprodução assistida e novas tecnologias

Técnicas como inteligência artificial na seleção embrionária e avanços no congelamento de óvulos continuam transformando o planejamento reprodutivo.

“O planejamento reprodutivo envolve fazer o letramento da mulher sobre contracepção, mas também e principalmente deve trazer conhecimento sobre relógio biológico, reserva ovariana, fertilidade e possibilidades de preservação da fertilidade, dentre muitos outros temas importantes”.

Escolhas conscientes para um futuro sem arrependimentos

Você não precisa decidir agora se quer ou não ter filhos. Mas é importante pensar se deseja manter essa porta aberta no futuro. O congelamento de óvulos, por exemplo, é uma solução moderna e eficaz para quem quer “pausar o relógio biológico” e adiar a maternidades. 

Planejamento Reprodutivo e o Especialista em Reprodução

A Reprodução Assistida é uma ferramenta essencial para o planejamento reprodutivo, e como especialista na área, estou aqui para ajudá-la. Abaixo, alguns cenários nos quais o planejamento reprodutivo pode ser transformador:

  1. Adiar a gestação: se você está na casa dos 30 e deseja priorizar carreira, estudos ou outros planos pessoais, podemos avaliar sua reserva ovariana e discutir o congelamento de óvulos;
  2. Produção independente: quer ser mãe sem um parceiro? Posso ajudar você a explorar todas as opções disponíveis para realizar esse sonho;
  3. Relacionamento homoafetivo feminino: existem várias possibilidades, como a inseminação artificial com sêmen de doador ou o Método ROPA, que permite que uma parceira doe o óvulo e a outra seja a gestante;
  4. Ampliar a família em idade mais avançada: se você já teve um bebê, mas deseja ter mais filhos mais para frente, vamos avaliar alternativas, como o congelamento de óvulos ou embriões;
  5. Histórico de abortos ou doenças genéticas: podemos investigar causas e adotar estratégias e técnicas de reprodução para seleção de embriões que possam permitir que você forme sua família com mais  segurança.

Dúvidas sobre Planejamento Reprodutivo

O que é o planejamento reprodutivo e por que ele é importante?

O planejamento reprodutivo é o processo de decidir se, quando e como você deseja ter filhos. Ele é importante porque permite que você tenha controle sobre sua fertilidade, planeje sua família de acordo com suas circunstâncias e desejos, e se prepare para a gravidez de forma segura e consciente.

O que é o check-up da fertilidade e quem deve fazê-lo?

O check-up da fertilidade é uma avaliação que inclui uma avaliação clínica direcionada, exames clínicos e laboratoriais para verificar a saúde reprodutiva e identificar possíveis dificuldades para engravidar. É uma ferramenta importantíssima para guiar os passos do planejamento reprodutivo feminino. É recomendado para mulheres que planejam adiar a gravidez, têm ciclos menstruais irregulares, histórico de problemas reprodutivos ou que simplesmente desejam entender melhor sua saúde reprodutiva.

Qual é o momento ideal para engravidar?

Essa resposta pode ser dada por dentro de dois pontos de vista: da biologia humana ou do ponto de vista psicológico/socioeconômico. Do ponto de vista biológico, quanto antes, melhor. Com o passar dos anos, a mulher vai tendo sua reserva ovariana comprometida quantitativa e qualitativamente. Ou seja, o estoque com o qual ela nasceu vai se esgotando e, ainda pior, os óvulos vão perdendo qualidade ao longo dos anos. Portanto, seria mais seguro e mais coerente com a biologia humana que tentássemos engravidar idealmente antes dos 30 anos, mas pelo menos antes dos 35 anos. Mas por razões psicológicas, sociais e/ou econômicas, muitas vezes não conseguimos seguir nosso relógio biológico. Nascemos e somos inseridas em modelos de sociedade que foram evoluindo ao longo dos anos. A mulher, que antes ficava dentro de casa, ocupando os papéis de esposa, dona-de-casa e mãe, agora também assumiu outras funções. Ela caiu no mercado de trabalho e conquistou seu espaço. Ela cresceu ouvindo que deve ter carreira, independência financeira, objetivos próprios. O momento em que seu relógio biológico vai começar a sinalizar atenção muitas vezes acaba coincidindo justamente com o momento em que a mulher está em ascensão na carreira, ou ainda instável emocional e/ou financeiramente, ou dedicada a seus próprios interesses. Nessa idade ela ainda pode estar sem parceiro. Outras vezes, ela não se sente pronta para mudar de vida, pronta para ter filhos, e nem sabe o que é estar pronta. Ela quer curtir mais sua liberdade, sua vida independente. Ela ainda pode querer esperar ter mais estabilidade financeira para poder dar uma melhor educação para os filhos. Enfim, os motivos são vários e, cada vez mais as mulheres têm postergado a maternidade. Resumo da história, cada um vai escolher o caminho que mais for condizente com seus interesses e objetivos de vida. Mas o que considero de extrema importância é tomar a decisão embasada. A mulher tem que conhecer seu corpo, saber que seu relógio biológico vai terminar a contagem regressiva em algum momento e a partir de então pode ser tarde demais. Fazer seu planejamento reprodutivo é fundamental.

Até que idade é possível para a mulher ter filhos de forma natural?

Os óvulos diminuem em quantidade e em qualidade com a idade. A fertilidade, ou seja, a capacidade da mulher engravidar, começa a cair a partir dos 35 anos. A chance de uma mulher de 30 anos ou menos engravidar por mês é de 25-30%; de 31-35 anos, 20%; de 36-37 anos, 15% ao mês; de 38-39 anos, 10%; de 40-41 anos, chance de 5% ao mês; e com mais de 42 anos, 2-5% ao mês. Nota-se então que a chance de engravidar diminui com a idade. É lógico que ainda é possível engravidar após os 40 anos, e sempre teremos as histórias de conhecidas que engravidaram aos 45 anos para surpresa de todos, mas temos que entender que as chances são bem menores e que, além disso, a chance de abortamento ainda é maior e as complicações obstétricas e neonatais igualmente maiores. Mulheres com menos de 35 anos têm menos de 20% de chance de abortar. Aos 40 anos, esse número sobe para 40% e, aos 45 anos, para 80%. Quanto aos riscos das gestações, mulheres acima dos 35 anos têm maior risco de complicações como diabetes gestacional, hipertensão gestacional, prematuridade e hemorragia.

É possível engravidar após os 40 anos?

Sim, é possível, mas as chances de gravidez natural diminuem significativamente com a idade (veja a resposta da pergunta 3). Para mulheres acima de 40 anos, técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, podem ser opções viáveis. Também é possível utilizar óvulos congelados anteriormente ou óvulos de doadoras, dependendo do caso.

Como funciona a reprodução assistida para casais homoafetivos femininos?

Para casais homoafetivos femininos, existem várias opções para aumentar a família, como a inseminação artificial com sêmen de doador ou a fertilização in vitro, que pode incluir a utilização dos óvulos de uma parceira e a gestação no ventre da outra, o que denominamos Método ROPA. Cada caso é único e deve ser avaliado com base nos desejos do casal e nas condições clínicas de ambas.

Quando devo considerar o congelamento de óvulos?

O congelamento de óvulos é ideal para mulheres que desejam adiar a maternidade por razões pessoais ou profissionais, mas querem preservar suas chances de engravidar no futuro. Recomenda-se considerar essa opção entre os 30 e os 35 anos, quando a quantidade e a qualidade dos óvulos ainda são altas.

Como eu posso ajudar você?

Planejar sua jornada reprodutiva é o primeiro passo para construir a família que você sempre sonhou, no momento certo e do jeito que faz sentido para você. Aqui, você encontra acolhimento e informações claras que podem ajudá-la a tomar decisões conscientes e seguras sobre o seu futuro. Entre em contato e agende uma consulta.

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Opções de planejamento reprodutivo

Comparação entre congelamento de óvulos, fertilização in vitro, inseminação artificial e outros métodos, destacando indicações, taxa de sucesso e faixa etária recomendada.