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Se você tem endometriose, provavelmente você já se perguntou: Será que a endometriose vai dificultar para que eu consiga engravidar?
E é sobre isso que eu vou falar com você por aqui.

A endometriose é uma doença crônica, que afeta todas as áreas da vida da mulher. Saúde física e mental, carreira, relacionamentos, desejos reprodutivos, tudo pode ficar abalado pela doença. Apesar de bastante

A endometriose é muitas vezes chamada de “doença da mulher moderna” porque reflete as mudanças no estilo de vida da mulher atual. Maiores níveis de estresse, dieta inadequada, rica em produtos industrializados, maior exposição à poluição e agentes químicos e mudança do estilo de vida levaram ao aumento da prevalência dessa doença.

Quanto ao estilo de vida, hoje, é cada vez mais comum adiar a maternidade e optar por ter menos filhos. Essas escolhas fizeram com que o corpo feminino ficasse exposto ao estrogênio por mais tempo — o hormônio que pode estimular a atividade do tecido endometrial.

A endometriose é, essencialmente, uma doença inflamatória crônica. Ela se caracteriza pela presença do endométrio (o tecido que reveste o interior do útero) e/ou do estroma (tecido de sustentação) fora da cavidade uterina, causando uma série de desconfortos e desafios.

Essa condição é um problema sério de saúde pública. Detectá-la precocemente faz toda a diferença, pois possibilita tratamentos que aliviam as dores, melhoram a qualidade de vida e preservam a fertilidade — que pode ser comprometida em até 50% das pacientes mais jovens.

A Relação Entre Endometriose e Infertilidade

O diagnóstico da endometriose não é uma sentença de infertilidade. Muitas mulheres engravidam sem a necessidade de um tratamento específico, mas, considerando as futuras repercussões da doença, pacientes com endometriose devem ser cuidadosamente avaliadas e orientadas.

Se você tem endometriose, talvez já tenha se questionado sobre suas chances de engravidar. A infertilidade afeta cerca de 30% a 50% das mulheres com essa condição. Existem vários fatores que explicam essa ligação:

A endometriose pode levar à formação de aderências, principalmente nos casos moderados e graves. Essas aderências, por sua vez, podem comprometer o funcionamento dos ovários e das tubas uterinas, popularmente conhecidas como trompas, prejudicando o transporte do óvulo e embrião, e diminuindo as chances de uma gravidez natural.

O fluido peritoneal de mulheres com endometriose tem um nível anormalmente alto de citocinas pró-inflamatórias, prostaglandinas, fatores de crescimento e outras células inflamatórias, que provavelmente participam da etiologia ou sustentação dos implantes de endometriose. É possível que tais alterações inflamatórias afetem negativamente a motilidade espermática, os ovários, a fertilização, a sobrevivência do embrião e a função tubária.

Sendo a endometriose uma doença inflamatória crônica, o estresse oxidativo e aumento dos radicais livres resultantes desse processo inflamatório podem trazer um dano ao óvulo e uma alteração da composição do líquido intrafolicular que podem comprometer o desenvolvimento embrionário. Costumamos dizer que pode haver uma menor qualidade dos óvulos em pacientes com endometriose.

Alguns estudos mostraram uma possível maior resistência à progesterona no nível do endométrio, o que poderia afetar negativamente a implantação do embrião. Outros trabalham defendem que, se não há adenomiose, ou seja, endometriose na camada muscular do útero, a implantação não será comprometida.

Vale dizer que a severidade da endometriose está relacionada com a dificuldade para engravidar. Se você tem endometriose mínima ou leve, suas chances de engravidar espontaneamente são maiores do que a chance de quem tem endometriose moderada e profunda, já que, quanto mais lesões, maiores as chances de aderências, distorções anatômicas e desequilíbrios imunológicos.

A boa notícia é que, mesmo diante dessas dificuldades, existem caminhos. O sucesso na busca pela maternidade vai depender do grau de comprometimento causado pela doença. Em muitos casos, tratamentos como a laparoscopia podem permitir uma gravidez natural. Em outros, a fertilização in vitro (FIV) é uma alternativa segura e eficaz para realizar o sonho de ser mãe.

“O tratamento da endometriose associada à infertilidade precisa ser individualizado porque não há respostas fáceis e diretas, e as decisões dependem de fatores como a gravidade da doença e sua localização na pelve, a idade da mulher, a duração da infertilidade, o nível de ansiedade do casal, e a presença de dor ou outros sintomas”.

Tratamento da Infertilidade associada à Endometriose

Aqui meu foco não é falar com você sobre o tratamento da endometriose em si, mas sim sobre o tratamento da infertilidade da mulher com endometriose. Apesar de não ser tão simples traçar uma estratégia de tratamento, afinal, são diversos fatores a serem avaliados e as estratégias são sempre individualizadas, vou colocar aqui de forma simplificada os principais caminhos que podemos seguir.

Mulheres com Endometriose Devem Congelar Óvulos?

aí, o que você acha?

Por que as mulheres com endometriose deveriam congelar seus óvulos? Vou colocar aqui para você pontos importantes para reflexão caso você tenha endometriose e não queira ou não possa engravidar agora.

A endometriose pode comprometer a fertilidade, espero que tenha ficado claro nas explicações que dei acima. Cerca de 30-50% das mulheres com endometriose vão evoluir com dificuldade para engravidar.

Se você for esperar para engravidar, você vai associar outro fator a essa infertilidade, que é a queda da sua reserva ovariana. A partir dos 35 anos, a qualidade dos óvulos cai progressivamente, e sua chance de gravidez vai diminuindo também. Tem crescido cada vez mais o número de mulheres que optam pelo congelamento de óvulos planejado ou eletivo, ou seja, o tratamento feito por mulheres que optam por postergar a maternidade por questões pessoais, seja pela carreira, pelos estudos, por não se sentirem prontas emocional e/ou financeiramente, por não terem parceiro, ou mesmo por nem saberem se um dia vão querer ser mães. Após os 30 anos, essas mulheres que decidiram deixar o plano da maternidade para depois têm buscado o congelamento para aumentar suas chances de gravidez no futuro, quando seus óvulos tiverem pouca qualidade ou mesmo se elas não mais tiverem óvulos.

Agora, se você tem endometriose, passou dos 30 anos e está sem planos para ter filhos agora, além do impacto da idade dos óvulos a ser considerado na decisão sobre o congelamento de óvulos, como toda mulher que passa dos 30 anos deve ponderar, você ainda tem um outro fator para colocar nessa balança: o impacto da endometriose na fertilidade e a maior chance de você precisar de uma FIV (Fertilização in vitro) no futuro.

Algumas pacientes com endometriose vão ter infertilidade e vão precisar da FIV para a gestação acontecer. Como saber se você será uma delas?

Não é possível prever a infertilidade, saber quais dessas mulheres com endometriose vão ter dificuldade para ter filhos, elas terão que tentar a gravidez para ver se a dificuldade aparece. E essas mulheres, como mencionado, têm maior chance de terem dificuldade e, portanto, de precisarem de tratamento de reprodução assistida. Ter óvulos congelados em idade mais jovem vai dar a elas uma chance maior de gravidez no futuro do que se tentarem uma Fertilização in vitro com os óvulos no momento da infertilidade lá na frente. Melhor fazer sua FIV com os óvulos congelados aos 33 anos do que com óvulos dos 40 anos, quando você decidir que vai engravidar, por exemplo.

Como eu disse, iria trazer aqui algumas reflexões para você sobre o congelamento de óvulos na endometriose. A outra reflexão diz respeito aos endometriomas.

O congelamento de óvulos deve ser fortemente considerado, caso você tenha também endometrioma, ou seja, endometriose nos ovários. O endometrioma é um cisto benigno. É uma das formas de endometriose que se estabelece quando as lesões acometem os ovários. Tende a se formar próximo ao córtex do ovário, porção do órgão onde estão localizados os folículos ovarianos, por isso a ameaça à fertilidade feminina é real.

O endometrioma por si só pode prejudicar a reserva ovariana e acarretar perda folicular. Ou seja, o número de óvulos disponíveis diminui, e sua qualidade também, devido aos mediadores liberados por esse tecido.

No entanto, há um risco ainda maior de comprometimento da reserva ovariana quando a cirurgia é indicada. A remoção cirúrgica de endometriomas pode comprometer a reserva ovariana pois, durante a retirada do tecido endometriótico, parte do córtex ovariano, região que contém os folículos, também acaba sendo removido, por mais cauteloso que seja o cirurgião.

Se você tem endometrioma e pretende engravidar no futuro, sua jornada pode ser mais desafiadora. Tanto a doença em si quanto a cirurgia para remoção do cisto colocam em risco a integridade do córtex do ovário, podendo resultar em perda de tecido ovariano saudável e redução da reserva folicular. Por isso, o congelamento de óvulos antes da cirurgia deve ser considerado pelo seu médico e por você.

Quanto ao estilo de vida, hoje, é cada vez mais comum adiar a maternidade e optar por ter menos filhos. Essas escolhas fizeram com que o corpo feminino ficasse exposto ao estrogênio por mais tempo — o hormônio que pode estimular a atividade do tecido endometrial.

A endometriose é, essencialmente, uma doença inflamatória crônica. Ela se caracteriza pela presença do endométrio (o tecido que reveste o interior do útero) e/ou do estroma (tecido de sustentação) fora da cavidade uterina, causando uma série de desconfortos e desafios.

Essa condição é um problema sério de saúde pública. Detectá-la precocemente faz toda a diferença, pois possibilita tratamentos que aliviam as dores, melhoram a qualidade de vida e preservam a fertilidade — que pode ser comprometida em até 50% das pacientes mais jovens.

Por isso é muito importante que busque ajuda de um especialista em Reprodução Humana Assistida. Em caso de endometrioma, a preservação da fertilidade, especialmente o congelamento de óvulos, é uma opção terapêutica que pode trazer grandes benefícios para você e aumentar suas chances de engravidar no futuro.

Como Funciona o Congelamento de Óvulos?

O congelamento de óvulos é seguro e eficiente, podendo ser realizado antes da cirurgia para retirada dos endometriomas, por exemplo. A seguir, explicamos como funciona o processo:

A primeira etapa é estimular os ovários para desenvolver múltiplos folículos (diferente do ciclo natural, onde apenas um folículo amadurece). Esse estímulo começa nos primeiros dias do ciclo menstrual, com a administração de hormônios por injeções subcutâneas, praticamente indolores, que você pode aplicar em casa após orientação. Durante esse período, monitoramos o crescimento dos folículos por ultrassonografias transvaginais (2 a 3 exames em média). Quando os folículos atingem o tamanho ideal (após cerca de 10-12 dias), um último medicamento é aplicado para maturação dos óvulos, e a aspiração folicular é agendada.

Realizada em ambiente cirúrgico com sedação leve, a aspiração é rápida e dura cerca de 20 minutos. Utilizamos uma agulha guiada por ultrassom para aspirar os óvulos dos folículos. O líquido coletado é analisado imediatamente pelo embriologista, que verifica a quantidade de óvulos recuperados.

Após a coleta, os óvulos passam pelo processo de vitrificação, uma técnica avançada de congelamento rápido. Eles são armazenados em tanques de nitrogênio líquido e podem ser preservados por anos, até que você decida utilizá-los para formar sua família.

Todo o procedimento, desde o início da estimulação ovariana até o congelamento dos óvulos, dura cerca de 12-14 dias — um ciclo rápido e eficiente para garantir a preservação da fertilidade.

Importância da Preservação da Fertilidade

Nem toda mulher com endometriose é infértil, mas a doença é uma das principais causas de infertilidade feminina. A dificuldade surge por não sabermos predizer quais são aquelas pacientes que vão ter infertilidade, que vão precisar de ajuda médica no futuro para conceber. Casos de maior gravidade da endometriose merecem mais atenção, com certeza, mas só isso não basta para definirmos uma estratégia.

Quando falamos de preservação de fertilidade, estamos falando de possibilidades, de aumento de chance de gravidez no futuro. A minha visão é de que fazer ou não o congelamento de óvulos não se trata de algo imposto por mim, mas sim uma decisão compartilhada com a paciente após uma longa conversa sobre riscos, benefícios e chances de todas os possíveis caminhos que possamos seguir nessa jornada da endometriose,

O tratamento ideal é único para cada mulher.

Quanto ao estilo de vida, hoje, é cada vez mais comum adiar a maternidade e optar por ter menos filhos. Essas escolhas fizeram com que o corpo feminino ficasse exposto ao estrogênio por mais tempo — o hormônio que pode estimular a atividade do tecido endometrial.

A endometriose é, essencialmente, uma doença inflamatória crônica. Ela se caracteriza pela presença do endométrio (o tecido que reveste o interior do útero) e/ou do estroma (tecido de sustentação) fora da cavidade uterina, causando uma série de desconfortos e desafios.

Essa condição é um problema sério de saúde pública. Detectá-la precocemente faz toda a diferença, pois possibilita tratamentos que aliviam as dores, melhoram a qualidade de vida e preservam a fertilidade — que pode ser comprometida em até 50% das pacientes mais jovens.

Por isso é muito importante que busque ajuda de um especialista em Reprodução Humana Assistida. Em caso de endometrioma, a preservação da fertilidade, especialmente o congelamento de óvulos, é uma opção terapêutica que pode trazer grandes benefícios para você e aumentar suas chances de engravidar no futuro.

Dúvidas sobre Congelamento de Óvulos

1. Vou engordar fazendo o tratamento de congelamento de óvulos?

É comum sentir um aumento temporário no peso, mas isso é causado por retenção de líquido, não ganho de gordura. Durante a estimulação, os hormônios produzidos pelos folículos podem causar retenção de água no corpo. Essa sensação desaparece em poucos dias após a coleta dos óvulos, quando os níveis hormonais voltam ao normal. Resumindo: qualquer aumento de peso é temporário e desaparece logo após o procedimento.

2. Quando minha menstruação retornará após a captação dos óvulos?

A menstruação costuma vir antes do esperado, dependendo do medicamento utilizado para maturar os óvulos (trigger):

  • Agonista do GnRH: o fluxo pode aparecer em cerca de 5 dias após a coleta;
  • hCG: a menstruação pode vir após 10 dias, ainda antes do habitual.
    Os ciclos seguintes geralmente retomam a regularidade normal.

3. Posso fazer exercícios físicos durante o tratamento de congelamento de óvulos?

  • Primeira semana: Atividades físicas leves e sem impacto são permitidas;
  • Segunda semana: É indicado evitar exercícios de impacto e intensos, pois os ovários estarão maiores e mais sensíveis;
  • Após a coleta: Em 5 dias, se estiver sem sintomas, você pode retomar suas atividades físicas.

4. Congelar meus óvulos afeta minha reserva ovariana?

Não, o congelamento de óvulos não afeta sua reserva ovariana. Todo mês, um grupo de folículos é naturalmente selecionado para a “corrida da ovulação”. Nesse processo, apenas um amadurece e é ovulado, enquanto os outros se degeneram. A estimulação ovariana feita  no tratamento afeta apenas esses folículos que já seriam descartados em cada ciclo. Assim, o tratamento não compromete sua reserva futura, impactando apenas o óvulo do ciclo atual.

5. Posso congelar óvulos e ainda assim engravidar naturalmente?

Sim, o congelamento de óvulos não interfere nas suas chances de engravidar naturalmente. O procedimento utiliza os folículos do ciclo atual, que seriam descartados naturalmente, sem afetar outros óvulos de ciclos futuros. Após o congelamento, seus ovários continuam funcionando normalmente, permitindo que você ovule e tente uma gravidez de forma natural no futuro.

Como eu posso te ajudar?

Se você recebeu indicação de cirurgia para endometriomas, o congelamento de óvulos pode ser a melhor maneira de preservar sua fertilidade. Essa técnica permite armazenar seus óvulos para uso futuro, em um tratamento de fertilização in vitro (FIV), no momento que você decidir. Agende uma consulta para falarmos sobre o tratamento.

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