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A infertilidade não é culpa sua, nem um defeito, muito menos um castigo. Você não é menos mulher, nem seu companheiro menos homem por ter dificuldades para engravidar. Infertilidade é uma doença do sistema reprodutivo, que pode afetar o corpo de formas diferentes, comprometendo a capacidade de reprodução.

Ela é definida como a dificuldade em engravidar após 12 meses de relações regulares e sem proteção ou como qualquer condição que prejudique essa capacidade.

De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), a infertilidade afeta homens e mulheres de forma igual:

A complexidade do processo reprodutivo

A gravidez não é tão simples quanto parece. Cada etapa precisa funcionar perfeitamente:

Oscilações hormonais regulam o ciclo e garantem a ovulação

O corpo masculino precisa produzir espermatozoides em quantidade e qualidade adequadas

A relação sexual deve acontecer no período fértil e os espermatozoides precisam percorrer o trato genital feminino até as tubas uterinas

As trompas devem estar saudáveis para capturar o óvulo e permitir o encontro desse óvulo com o espermatozoide, e transportar o embrião formado até o útero

O endométrio, camada que reveste o útero, precisa estar pronto para receber o embrião

O embrião deve ter uma carga genética saudável e se desenvolver corretamente

Com tantas etapas envolvidas, fica mais fácil entender por que as chances de engravidar são limitadas. Mesmo em casais jovens, com menos de 30 anos, as chances de gravidez por ciclo são de apenas 30 a 35%.

Essas chances diminuem com a idade da mulher. Aos 40 anos, por exemplo, a chance mensal de gravidez cai para apenas 5%.

Quando buscar ajuda médica?

Mulheres com menos de 35 anos podem tentar engravidar por até 12 meses antes de buscar ajuda

Mulheres entre 35 e 40 anos devem procurar um especialista após 6 meses de tentativas

Mulheres com mais de 40 anos devem buscar orientação médica imediatamente, assim que decidirem engravidar

Ausência de menstruação ou ciclos irregulares

Endometriose avançada

Problemas conhecidos nas trompas ou no útero

Fator masculino identificado

Se você se identificou com alguma dessas situações, não espere. Busque auxílio de um profissional especializado em Reprodução Humana Assistida.
Vamos conversar mais sobre infertilidade conjugal para você poder decidir apropriadamente!

Causas da Infertilidade

Infertilidade Feminina

Quando falamos de infertilidade feminina, uma das principais causas no Brasil é o fator tubário, relacionado a problemas nas trompas uterinas (ou tubas). Cerca de 30% a 40% dos casais com dificuldade para engravidar enfrentam essa condição.

As trompas desempenham um papel essencial no processo reprodutivo:

  • Elas captam o óvulo após a ovulação
  • Permitem o encontro do óvulo com o espermatozoide
  • Transportam o embrião até o útero

Qualquer problema nas trompas pode interromper essas etapas. Em mais de 50% dos casos, o comprometimento das trompas é causado por infecções, geralmente associadas a doenças sexualmente transmissíveis, como a Chlamydia trachomatis. Essa infecção pode passar despercebida, sem sintomas, e causar lesões nas trompas anos depois. Outras causas incluem aderências pélvicas decorrentes de cirurgias ou endometriose.

Outra causa comum é o distúrbio de ovulação, que ocorre quando a mulher não ovula regularmente. Cerca de 20% dos casais inférteis enfrentam essa condição. Um sinal importante para identificar a ausência de ovulação são ciclos menstruais irregulares ou ausentes.

A principal causa de anovulação é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), mas outras condições como doenças da tireoide, exercícios excessivos e falência ovariana prematura também podem afetar a ovulação. Se você tem ciclos irregulares ou ausentes, não espere um ano tentando engravidar. Procure ajuda médica assim que decidir engravidar.

A endometriose também é uma causa relevante, presente em 5% a 10% dos casos de infertilidade feminina. Essa condição ocorre quando o tecido do endométrio, que reveste o útero, aparece em outros órgãos da pelve, como ovários, intestino ou bexiga. Entre 30% e 50% das mulheres com endometriose têm dificuldade para engravidar.

Outras causas incluem:

  • Alterações no útero: miomas, pólipos, adenomiose, septos uterinos e útero bicorno
  • Idade da mulher: a qualidade dos óvulos diminui com o tempo, especialmente após os 35 anos, aumentando as chances de embriões com alterações cromossômicas e taxas mais altas de aborto. Essa é uma causa muito importante, e difícil de contornar

Infertilidade Masculina

As causas masculinas de infertilidade são tão comuns quanto as femininas, estando presentes em até 40% dos casos. O exame principal para avaliação é o espermograma, que analisa o volume do sêmen, a concentração, a motilidade e a morfologia dos espermatozoides. O índice de fragmentação de DNA do sêmen é outro exame que pode completar a investigação do fator masculino, assim como o cariótipo, exames hormonais e ultrassonografia da bolsa escrotal.

As causas de podem incluir:

  • Varicocele (veias dilatadas no testículo)
  • Infecções
  • Distúrbios da ejaculação
  • Alterações genéticas
  • Desbalanços hormonais
  • Uso de anabolizantes
  • Anomalias congênitas, como ausência do canal deferente

Infertilidade Sem Causa Aparente

Em cerca de 10% dos casos, mesmo após uma investigação completa, não conseguimos identificar a causa da infertilidade. Isso é chamado de Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA).

Isso não significa que não há uma causa, mas sim que, com os exames que nós temos disponíveis nos dias de hoje, não conseguimos chegar a nenhuma resposta, não chegamos a nenhum diagnóstico.

Apesar de não haver um diagnóstico fechado, existem tratamentos disponíveis para ISCA, logo, não identificar a causa não significa que você ou seu parceiro(a) não podem realizar o sonho de formar uma família.

Diagnóstico da Infertilidade

Uma investigação adequada começa com uma boa história clínica e um exame físico completo. A primeira consulta geralmente é longa, pois é nesse momento que investigamos a fundo possíveis causas. Essa avaliação inicial nos guia para hipóteses diagnósticas e define os próximos passos.

De forma prática, a investigação pode ser dividida em:

Que inclui exames essenciais para todos

Com exames complementares conforme as suspeitas

Pesquisa Básica do Casal

Tipagem sanguínea do casal

Sorologias para HIV, Sífilis, Hepatite B e C, HTLV 1 e 2

Para a mulher: toxoplasmose e rubéola

Investigação Direcionada

“É fundamental lembrar que a investigação da infertilidade deve ser sempre completa e feita no casal, mesmo que uma causa específica já pareça evidente. Isso porque cerca de 30% dos casais apresentam mais de um fator contributivo para a infertilidade. Avaliar sempre o homem e a mulher é essencial para um diagnóstico preciso”.

A Importância da Investigação Conjunta

A etapa de diagnóstico é essencial para traçar um caminho claro! Definir a causa da infertilidade nos orienta sobre as melhores estratégias de tratamento e oferece uma previsão das chances de sucesso.

Se você está nessa jornada, saiba que cada exame faz parte de um plano personalizado para ajudá-la a realizar o sonho de ser mãe.

Tratamentos para Infertilidade Conjugal

O coito programado é o tratamento de menor complexidade em reprodução assistida. Ele pode ser realizado com ou sem indução da ovulação, dependendo de cada caso. Normalmente, utilizamos medicações orais ou injetáveis de leve estimulação ovariana. Por meio do acompanhamento por ultrassonografias, identificamos o momento da ovulação e indicamos o melhor período para as relações sexuais em casa.

Para que esse tratamento seja indicado, é essencial que pelo menos uma das trompas uterinas esteja desobstruída. O objetivo é aumentar as chances de o óvulo encontrar os espermatozoides nas trompas no momento certo. No entanto, todo o processo reprodutivo precisa ocorrer naturalmente dentro do corpo da mulher, o que reduz as taxas de sucesso do tratamento, que ficam em torno de 15%.

A indicação mais comum para o coito programado é para mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) ou outros casos em que não há ovulação regular.

A inseminação intrauterina segue um processo semelhante ao do coito programado, com indução da ovulação ou estimulação ovariana leve. A diferença é que, ao invés de ter relações sexuais em casa, o homem realiza a coleta do sêmen no laboratório, próximo ao momento da ovulação.

Esse sêmen é preparado em laboratório, onde os espermatozoides móveis e saudáveis são separados. Em seguida, eles são introduzidos diretamente no útero da mulher por meio de um cateter. Isso facilita a “viagem” dos espermatozoides e aumenta as chances de fecundação.

Mesmo assim, para que a gravidez ocorra, as trompas uterinas precisam estar funcionando adequadamente, pois o encontro do óvulo com o espermatozoide e a formação do embrião acontecem dentro do corpo da mulher. As taxas de sucesso são um pouco maiores que no coito programado, chegando a 20%.

A fertilização in vitro (FIV) é o tratamento de alta complexidade dentro da Reprodução Humana, em que se torna possível ter controle das etapas reprodutivas. Logo, esse é o tratamento com as maiores taxas de sucesso, Nesse procedimento, a fertilização do óvulo ocorre fora do corpo da mulher, em laboratório.

O processo envolve:

  1. Estimulação ovariana controlada: vários folículos ovarianos são estimulados e diversos óvulos são coletados dos ovários;
  2. Fecundação em laboratório: o óvulo pode ser fertilizado de duas formas:
    • Pela FIV clássica, em que o óvulo é colocado em contato com espermatozoides em uma placa para que um deles o fecunde naturalmente;
    • Pela ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), onde um espermatozoide selecionado é injetado diretamente no óvulo pelo embriologista. Essa é a técnica mais utilizada nos dias de hoje.
  3. Desenvolvimento do embrião: os embriões ficam em incubadoras por até 5-7 dias;
  4. Transferência para o útero: um ou mais embriões são transferidos para o útero com o objetivo de gerar a gravidez.

Pode haver o congelamento de embriões após esses 5-7 dias de desenvolvimento, no momento em que eles se tornam blastocistos, para que a transferência ocorra num ciclo posterior. Graças aos avanços da vitrificação (técnica de congelamento rápido), hoje conseguimos uma taxa de sobrevivência superior a 97% para embriões descongelados.

Atualmente, na maior parte dos ciclos de FIV o congelamento de embriões é realizado para que eles sejam transferidos no ciclo seguinte, em ciclo natural, com pouco uso de hormônios.

Outro etapa que tem sido amplamente adicionada ao tratamento tem sido a realização de biópsia dos embriões para a realização de diagnóstico genético pré-implantacional, para prevenir doenças genéticas e/ou cromossômicas nos embriões. São dois principais testes que podem ser realizados:

  • PGT-A: rastreia aneuploidias (alterações cromossômicas numéricas, trissomias e monossomias), como a Síndrome de Down (trissomia do 21);
  • PGT-M: identifica doenças genéticas hereditárias relacionadas a genes específicos.

Esse teste é feito após o embrião atingir o estágio de blastocisto (5º ou 6º dia), com a retirada de 5-10 células para análise genética. Portanto, nesse intervalo entre o congelamento e a transferência do próximo ciclo, realiza-se a análise desse material de biópsia e assim sabemos se teremos um embrião euploide (número de cromossomos adequado) para a transferência.

A ovodoação é indicada para mulheres que já não possuem óvulos próprios de qualidade, seja por idade avançada, menopausa, falência ovariana prematura ou por insucessos repetidos em ciclos de FIV. Também é uma alternativa para casos de doenças genéticas.

Nesse tratamento, o óvulo de uma doadora é fertilizado pelo espermatozoide em laboratório e o embrião resultante é transferido para o útero da receptora. As taxas de sucesso dessa técnica são altas, chegando a 60%.

O sêmen doado, obtido através de bancos nacionais ou internacionais, pode ser usado tanto na IIU quanto na FIV. Essa técnica é indicada para:

  • Casais com fator masculino grave de infertilidade;
  • Mulheres que optam pela produção independente;
  • Casais homoafetivos femininos.

O útero de substituição, conhecido popularmente como “barriga de aluguel”, é indicado quando a mulher não pode engravidar por ausência de útero, doenças uterinas ou condições que contraindiquem a gestação. Também é usado por casais homoafetivos masculinos, que precisam de óvulos doados e de uma mulher para gestar o bebê.

Os embriões são gerados pela técnica de FIV e transferidos para o útero da barriga solidária, que será responsável pela gestação.

A doação de embriões é uma alternativa para casais que não podem engravidar com seus próprios gametas, mulheres que buscam produção independente ou casais homoafetivos. O tratamento envolve a transferência de embriões doados (de forma anônima e sem fins lucrativos) para o útero da receptora, previamente preparado para receber o embrião.

Dúvidas Comuns sobre Infertilidade Conjugal

1. Quando um casal pode ser considerado infértil?

O casal é considerado infértil em caso de ausência de gravidez após um ano de relações sexuais frequentes (cerca de duas, três vezes por semana), sem uso de métodos contraceptivos.

A reprodução humana é um processo complexo e naturalmente ineficiente. Um casal jovem, com menos de 35 anos, tem cerca de 20-25% de chance de engravidar a cada mês. Após seis meses de tentativas, 75-80% dos casais conseguem engravidar e, em um ano, esse número chega a 85-90%.
Se a gravidez não acontece, é importante buscar a avaliação de um especialista em reprodução assistida para identificar as possíveis causas e definir o melhor tratamento.

2. Como definir o melhor tratamento para a infertilidade conjugal?

A escolha do tratamento depende de:

  • A causa da infertilidade;
  • O tempo de infertilidade;
  • A idade dos parceiros;

As preferências pessoais do casal também devem ser levadas em consideração.

Algumas causas de infertilidade não podem ser corrigidas, mas é possível alcançar a gravidez por meio de tecnologias de reprodução assistida, como coito programado, inseminação intrauterina ou fertilização in vitro (FIV).

3. Qual é a diferença entre inseminação intrauterina e fertilização in vitro?

A inseminação intrauterina (IIU) é um tratamento de baixa complexidade. Durante o procedimento, os espermatozoides são processados em laboratório e colocados diretamente na cavidade uterina, facilitando o encontro com o óvulo na trompa para fecundação. As principais indicações incluem:

  • Distúrbios de ovulação;
  • Infertilidade sem causa aparente;
  • Alterações seminais leves;
  • Uso de sêmen doado;
  • Estresse emocional após tentativas de coito programado.

A FIV, por outro lado, é um tratamento de alta complexidade e com maior taxa de sucesso. Os óvulos são fertilizados em laboratório e os embriões formados são transferidos para o útero. É indicada para casos como:

  • Obstrução das tubas uterinas (trompas);
  • Idade avançada da mulher;
  • Alterações severas na qualidade do sêmen;
  • Histórico de doenças genéticas;
  • Falha em tratamentos de baixa complexidade.

4. Quando é preciso fazer uma biópsia de embrião?

A biópsia de embriões, ou teste genético pré-implantacional (PGT), é feita em embriões formados em laboratório durante a FIV, no estágio de blastocisto (5º a 7º dia). Durante a análise, os embriões permanecem congelados. Após os resultados, os embriões saudáveis são descongelados para transferência ao útero.

As principais indicações incluem:

  • Abortamentos de repetição;
  • Alterações no cariótipo do casal;
  • Idade da mulher acima de 38-40 anos;
  • Falhas de implantação em ciclos anteriores de FIV;
  • Preservação da fertilidade com embriões euploides;
  • Doenças genéticas conhecidas na família.

5. É possível engravidar durante o climatério?

Sim, é possível engravidar no climatério, pois, embora a ovulação ocorra de forma irregular, ela ainda acontece, mas obviamente a chance é baixa, pois a qualidade desses óvulos estará comprometida. Logo, a fertilidade diminui significativamente com a idade.

Para mulheres que não conseguem engravidar naturalmente, tratamentos de reprodução assistida podem ser uma alternativa. Consulte um médico para avaliar as opções disponíveis.

Como eu posso te ajudar?

Lidar com a infertilidade pode ser desafiador e emocionalmente desgastante. No entanto, se você chegou até aqui, já deu um importante passo: buscar informação e apoio. Cada caso é único e requer uma avaliação personalizada. É hora de agendar sua consulta para entender o seu diagnóstico e descobrir o caminho mais adequado para realizar o seu sonho.

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