Congelamento de tecido ovariano: saiba mais

O congelamento de tecido ovariano deixou de ser experimental pela Sociedade Americana de Reprodução Humana no fim de 2019, quando já se tinha na literatura mais de 130 bebês nascidos por essa técnica. 

E como ela funciona? Faz-se uma cirurgia, geralmente por videolaparascopia, e é retirado um ovário ou parte dele. Esse ovário vai sendo dissecado para que seja extraído seu córtex, região onde ficam os folículos, e esse córtex é então cortado em pequenos fragmentos que são congelados em nitrogênio. 

E lá eles ficam até que a mulher queira ter filhos ou possa recuperar sua função hormonal. Quando isso acontece, esses fragmentos são descongelados e transplantados geralmente na pelve, na loja dos ovários mesmo, o que chamamos de transplante ortotópico. 

Os folículos ovarianos dos fragmentos voltam a se desenvolver e a gravidez pode acontecer inclusive espontaneamente. A função ovariana é retomada cerca de 60-240 dias após transplante, e pode durar até 7 anos. 

E quando optar pelo congelamento de tecido ovariano? Basicamente, dois principais grupos se beneficiam da técnica: pacientes pré-púberes, que não menstruaram ainda, e pacientes que não terão tempo para fazer a estimulação ovariana porque necessitam ser submetidas logo para o tratamento do câncer. 

Se houver janela suficiente para estimulação ovariana e a paciente for pós-púbere, o congelamento de óvulos cotinua sendo a primeira opção. Vale a pena dizer que para algumas neoplasias, o congelamento de tecido ovariano não está indicado pelo potencial de disseminação de células neoplásicas no tecido, o caso de leucemias. 

Resumindo, o congelamento de tecido ovariano é uma técnica relativamente recente, e os dados sobre eficácia, segurança e desfechos ainda são limitados, e sua indicação deve ser feita de forma bastante cautelosa e aberta para os pacientes. E ainda, por ser uma técnica pouco dominada ainda, apenas deve ser oferecida por profissionais com conhecimento na área.