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Congelar óvulos ou embriões para preservar a fertilidade?

Congelar óvulos ou embriões para preservar a fertilidade?

Não é só mulher solteira, que não encontrou o parceiro ideal, que quer preservar a fertilidade. Mulheres em relacionamento, casadas, também podem querer congelar. E aí, será que elas devem congelar óvulos ou embriões? Vamos descobrir?

Mulheres casadas, em relacionamentos sérios, estão também procurando o tratamento de congelamento de óvulos. Muitas não querem ser mães agora e questionam se querem a maternidade em algum momento na vida. Outras estão totalmente focadas na carreira e não querem desviar o foco para a maternidade.

Outras encontram a barreira no homem, que, muitas vezes, não quer a paternidade naquele momento e não entende a pressão do relógio biológico que, afinal, não existe para eles.

E há também aquelas com parceiros fixos que estão enfrentando doenças oncológicas e que farão quimioterapia ou radioterapia e precisam preservar a fertilidade. Para todas essas mulheres duas técnicas de preservação de fertilidade podem ser oferecidas: congelamento de óvulos e embriões. E aí, você faz ideia de qual é a melhor?

Na verdade, não há uma melhor resposta para esta pergunta, cada alternativa terapêutica tem seus pontos positivos e negativos, e cabe a nós, especialistas em reprodução humana, conversamos sobre esses pontos com as mulheres, para que elas decidam o que fazer.

É preciso orientar a mulher que quando ela está congelando óvulos, ela está em uma etapa mais alta do funil da reprodução e terá perdas mais para frente.

Congelar óvulos dá menos segurança do resultado. Congelar embriões significa ter avançado no funil da reprodução e ter chegado na ponta dele. Você sabe de forma mais palpável as suas chances.

Outro ponto a ser considerado na decisão: com o método de vitrificação, os embriões passaram a ter taxas de sobrevivência, depois do descongelamento, maiores que 97%, super altas. A vitrificação de óvulos também avançou, mas a taxa de sobrevivência é um pouco menor, cerca de 80-90%.

Pondere as alternativas

Há um ponto que precisa ser considerado no congelamento de embriões:  é o fato de atrelar a fertilidade a outra pessoa. Para usar os embriões congelados, lá na frente, é necessário o consentimento de ambos, da dona dos óvulos e do dono dos espermatozoides.

Portanto é preciso pensar bem para tomar essa importante decisão hoje. Pois, afinal, a fertilidade que está sendo preservada é a da mulher, então ela deve decidir o que fazer com seu corpo. O tratamento não muda do ponto de vista da mulher: é a mesma estimulação ovariana e a mesma aspiração folicular. Muda o que ocorre no laboratório.

No congelamento de óvulos, o processo termina no dia da aspiração dos óvulos. Aqueles considerados maduros são congelados. Para o congelamento de embriões, o processo continua. O espermatozoide do parceiro deve fertilizar o óvulo e o embrião aí formado fica cerca de 5 dias se desenvolvendo em laboratório até chegar ao estágio de blastocisto e ser congelado.

E aqui entra um conceito importante: o funil da reprodução humana. Quando vamos fazer o tratamento de estimulação dos ovários, iniciamos com os medicamentos quando os folículos ovarianos estão pequenos (chamamos de folículos antrais).

Ao estimular, a resposta ao estímulo pode ser dada como a taxa de folículos que realmente se desenvolveram sob uso da medicação. O ideal é que seja 100%, mas em geral, é menos. Quando esses folículos atingem tamanho ideal, o que acontece geralmente após 9-12 dias de estímulo, vamos para a aspiração folicular.

A taxa de recuperação de óvulos, ou seja, o número de óvulos aspirados, gira em torno de 80-95% do número de folículos, ou seja, mais uma etapa com perda.

Desses óvulos, apenas os maduros serão congelados. São considerados maduros apenas aqueles que completaram mais uma fase da meiose, o processo de divisão celular. A taxa de maturidade em geral varia de 75-90%.

Óvulos maduros obtidos, agora eles serão congelados. Daqui alguns anos, você vai querer usá-los para ter filhos, e eles serão descongelados. A taxa de sobrevivência ao descongelamento gira em torno de 80-90%.

Os óvulos que sobreviveram vão ser então injetados com os espermatozoides, 1 para cada óvulo. A taxa de fertilização gira em torno de 70-80%. Esses embriões formados permanecerão 5-6 dias numa incubadora e serão então transferidos ao útero.

Dos óvulos fertilizados, apenas 40-60% vão chegar em blastocisto, embrião de quinto dia de desenvolvimento. Um blastocisto pode ter de 35-60% de chance de se implantar no endométrio.

O que eu quis dizer que esse monte de informações e números? Que temos perdas em todas as etapas do processo de reprodução humana assistida.

Congelar óvulos ou embriões?

Vamos voltar para a questão central: congelar óvulos ou embriões? Quando você está congelando óvulos, você está em uma etapa mais alta do funil, você terá perdas mais para frente, mas não sabe dizer quanto. Será que vai os óvulos vão ser fertilizados, será que os embriões vão se desenvolver? Você não sabe.

Ou seja, congelar óvulos te dá menos segurança do resultado. Congelar embriões significa ter caminhado nesse funil e ter chegado na ponta dele. Você sabe de forma mais palpável as suas chances.

Outro ponto diz respeito à sobrevivência deles. Com o método de vitrificação, os embriões passaram a ter taxa de sobrevivência, após o  descongelamento, maiores que 97%, super altas. Com os óvulos, a vitrificaçao também avançou, mas a taxa de sobrevivência é um pouco menor, cerca de 80-90%.

Na verdade, há um ponto negativo no congelamento de embriões que, na minha opinião, pesa muito, que é atrelar sua fertilidade a outra pessoa. Para usar os embriões congelados, lá na frente, é necessário o consentimento de ambos, da dono dos óvulos e do dono do espermatozoide.

Mas e se vocês não estiverem mais juntos? E se um não quiser? E se ele tiver falecido e não tiver deixado autorização para uso post mortem? Nossa vida é muito dinâmica, e nossas certezas de hoje podem não ser as mesmas de amanhã. Vale a pena correr esse risco por pequenas vantagens técnicas do congelamento de embriões?

Além disso, tem  a questão do descarte dos óvulos e embriões. Se você resolver não ter filhos lá na frente, descartar óvulos parece ser mais aceitável para algumas pessoas do que descartar embriões.

Cabe a nós especialistas passarmos todas essas informações à mulher, e como eu disse antes: cabe à mulher encontrar a resposta, pois é a fertilidade dela que está em  jogo.

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